Crítica de 3%: Série brasileira da Netflix terá uma segunda temporada?
Em um mundo pós-apocalíptico, quando as pessoas completam 20 anos de idade têm uma chance de mudar de vida e entrar nos 3%.
Embora a primeira série brasileira 3% tenha um orçamento bem baixo se tratando de uma série original Netflix, o conteúdo é de qualidade e tem surpreendido muita gente. A série está disponível para assinantes desde a sexta-feira, 25.
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A história da série é retratada em um mundo pós-apocalíptico, depois que o planeta sofreu com diversas crises e foi severamente devastado. No entanto, a população tem uma chance de ter uma vida melhor em um lugar não especificado do Brasil. A maioria das pessoas sobreviventes moram no Continente, que é um lugar miserável e decadente. Falta tudo: água, comida e energia.
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A chance de mudar de vida é quando se completa 20 anos de idade, que o cidadão tem o direito de participar do Processo, uma seleção que oferece a única chance de passar para o Mar Alto, onde tudo é abundante e permite-se ter uma vida bem melhor.
Mas, infelizmente, apenas 3% dos candidatos são aprovados nesse Processo, que testa os limites dos participantes em provas físicas e psicológicas que colocam os participantes em dilemas morais. A série tem o foco na meritocracia, pois só os “melhores” merecem estar “no lado de lá”. Inclusive essa questão foi a grande inspiração do criador da série, Pedro Aguilera. A série não deixa de refletir o cenário atual brasileiro, que é um País dominado por poucos que controlam muitos e ainda decidem quem será o felizardo e terá uma vida muito melhor.
“No Brasil, com essa diferença social absurda, alguns privilegiados nascem em berço esplêndido”, afirma o diretor-geral de 3%, César Charlone. “Terão a melhor educação, já herdarão fortuna com casa e tudo e até com as empregadas”.
Ezequiel (João Miguel) é o comandante do Processo. E como foi dito anteriormente, a questão da meritocracia está sempre presente e repetida exaustivamente pelo líder. Ao lado dele, aparece Aline (Viviane Porto), que é uma fiscal que monitora tudo o que acontece na seleção. Tudo também é controlado através de vídeo-conferência pelos misteriosos personagens de Zezé Motta e Sérgio Mamberti.
A meritocracia é explorada com uma dualidade interessante. Os candidatos, na maior parte do tempo, são realmente avaliados e analisados justamente. No entanto, a seleção é um tanto desigual e desumana. A elite discursa sobre a justiça do Processo, mas é a mesma que promove o injusto status quo da sociedade.
O discurso de que “Vamos cuidar de vocês” vai de encontro com a situação política do Brasil. Além disso, a série integra um elenco em que é bastante diversificado, o que não deturpa a mensagem. Essa diversidade do elenco é um pouco diferente da websérie lançada no YouTube, que trazia somente pessoas brancas nos dois lados da sociedade distópica, este é um elemento essencial para a série que discute a desigualdade na sociedade moderna.
“O teor político e a mensagem que a série passa foram as coisas que mais me atraíram. Essa segregação entre 3% e 97%. O Brasil de certa maneira é uma grande distopia, nem precisa inventar tanto. A série mostra um futuro quase que presente, como Black Mirror faz”, comentou Bianca Comparato durante a entrevista de lançamento da série. “Há uma importância e responsabilidade de se colocar em uma obra de ficção, signos tão universais em língua portuguesa, e não só para a gente, mas em um mapa amplo”, completa Viviane Porto.
A versão da Netflix apresenta mais cores na série que a websérie, que trazia um cenário militar e cinza. O Processo tem uma representação mais clean, tecnológica e moderna. As cenas foram gravadas no Itaquerão, em São Paulo. E as cenas no Continente, na sociedade devastada, foram gravadas no centro de São Paulo.
A série sem dúvida vale a pena você conferir, e dá para se tirar bastante conteúdo para reflexão em uma sociedade desigual e devastada. No entanto, 3% apresenta algumas falhas, mesmo que tenha uma boa temática. Há falta de ganchos, o que é fundamental em uma série. Mas uma das situações mais interessantes em 3% é a dualidade dos protagonistas.
Por exemplo, não conseguimos identificar se os personagens são completamente bonzinhos e injustiçados ou se escondem o verdadeiros motivo que fazem participar do Processo. Tanto é que uma das personagens principais Michele (Bianca Comparato) esconde o verdadeiro motivo de estar participando. Além disso, é impossível definir se todos do Mar Alto são pessoas más e opressoras ou se são vítimas do sistema.
Segunda temporada
O final da primeira temporada deixou questões em aberto com alguns personagens se purificando e entrando no “lado de lá”. E ainda há um claro embate entre a elite do Mar Alto com os rebeldes da Causa. Ou seja, houveram brechas para uma segunda temporada.
Portanto, é bem possível que a segunda temporada seja confirmada, mas a Netflix terá que ser convencida a continuar a série.
Atenção: Atualizado em 04/12/2016
Durante a Comic Con Experience em São Paulo, a Netflix confirmou que as séries 3% e Luke Cage terão segunda temporada.
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Confira os três episódios da websérie lançada em 2011:
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