2016 ainda não acabou: Astrônoma Vera Rubin morre aos 88 anos

2016 realmente parece o ano das grandes perdas, e como o ano ainda não acabou, mais uma perda lastimável aconteceu nos últimos dias do ano: A Astrônoma Vera Rubin, de 88 anos, veio a falecer na madrugada de segunda (26), o fato foi confirmado por sua neta no Facebook. A cientista americana era muito reconhecida por ter descoberto, nos anos 70, evidências da existência da matéria escura, e era uma forte candidata a levar o prêmio Nobel.

Leia também

Vera Rubin se tornou a primeira mulher a ter acesso aos instrumentos do observatório do Monte Palomar, em 1965, então o maior telescópio do mundo, numa época em que as mulheres sequer podiam entrar no prédio.

Vera Rubin

Nascida em 1928, ela foi estudar astronomia, em vez de procurar construir uma família, como as mulheres da época faziam. Por sorte o pai era engenheiro elétrico e a mãe trabalhou fazendo cálculos para a Bell Telephone Company, ambos apoiavam a carreira da filha.

Vera se formou em astronomia e logo depois tentou fazer o doutorado por Princeton, mas como mulheres não eram admitidas no curso de astronomia, ela acabou em Cornell, onde estudou astrofísica com Richard Feynman e mecânica quântica com Hans Bethe, dois vencedores de Nobel.

Vera Rubin

Vera Rubin e a descoberta da matéria escura

Vera Rubin sempre foi uma mulher que simplesmente ignorava os nãos que recebia e sempre achava uma alternativa para conquistar seus sonhos. Assim ela acabou descobrindo que suas observações de galáxias distantes não codizam com as previsões da Teoria do Big Bang e da Lei de Hubble.

Ela observava os movimentos e rotação da Galáxia Andrômeda quando notou que as estrelas na borda da galáxia espiral se moviam em uma velocidade inesperada, que não poderia ser explicada com cálculos que apenas considerassem a matéria visível. Ela propôs então a existência de uma matéria invisível que estava impactando no movimento de rotação das galáxias: a matéria escura.

A tese foi mal-recebida e abandonada por 20 anos, até que foi redescoberta, os dados reavaliados e a incômoda e inconveniente verdade apareceu: Vera Rubin estava certa, as galáxias se comportavam como se tivessem muito mais massa do que aparentam. Isso levou à redescoberta do conceito de Matéria Escura, proposto pelo astrônomo suíço Fritz Zwicky nos anos 30.

Vera Rubin comprovou com suas observações uma teoria fundamental da cosmologia moderna, que muda conceitos e teorias básicos da física e da astronomia.

Vera Rubin teve 144 pesquisas publicadas, um asteróide batizado com seu nome e 4 filhos, David e Allan, PhDs em Geologia, Karl, PhD em Matemática e Judith, PhD em física de raios cósmicos. Sorry Tedson.

Vera Rubin queria mais mulheres na ciência

Vera Rubin sempre foi uma grande defensora da presença de mulheres na astronomia e na ciência em geral, e ela fez o máximo que alguém pode fazer para promover isso: mostrou que é possível vencer as dificuldades e se destacar no mais árido dos campos de estudo, independente de seu gênero.

Vera Rubin

Vera recebeu boa parte das honrarias de sua área, sendo inclusive a segunda mulher a ganhar a Medalha de Ouro da Sociedade Astronômica Real Caroline. Isso foi em 1996. A primeira foi Caroline Herschel, em 1828.

A Dra Vera Rubin deixa para a humanidade uma mensagem que muitas vezes lhe foi um mantra:

Fama é passageira, meus números significam muito mais para mim do que meu nome. Se astrônomos ainda estiverem usando meus dados no futuro, essa será minha maior realização

Vera Rubin

Admirada e respeitada pela importância de seus estudos, Vera Rubin era frequentemente citada entre os mais cotados para receberem o Prêmio Nobel de Física, mas acabou nunca recebendo.

Nas redes sociais, colegas e admiradores lamentaram a morte da cientista e classificaram como uma injustiça o fato de ela não ter sido contemplada com o Nobel.

Gostou da notícia? Siga o nosso Twitter e curta a nossa página no Facebook para continuar acompanhando as novidades sobre jogos diariamente.

Via Meio Bit

Relacionadas